1º Encontro Nacional de Castanheiras e Castanheiros reunirá extrativistas de toda a Amazônia durante 3 dias em Manaus

ENCCEncontro Nacional de CastanheirosColetivo da Castanha

Coletivo da Castanha e OCA promovem encontro para discutir comércio justo, políticas de apoio ao extrativismo, ameaças aos territórios e castanhais e atuação em rede

Mais de 80 extrativistas de todos os estados produtores de castanha-da-amazônia estarão reunidos na próxima semana para o 1º Encontro Nacional de Castanheiras e Castanheiros. O evento que acontece em Manaus, de 23 a 25 de agosto, é promovido pelo Coletivo da Castanha e pelo Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA) em parceria com uma série de organizações da sociedade civil, movimento social e organizações de base comunitária produtoras de castanha-da-amazônia.

Serão 3 dias de trocas de experiências, conversas, debates, oficinas, apresentações culturais e reuniões para alinhar a atuação do Coletivo. Entre os convidados, representantes do Coletivo da Castanha e organizações comunitárias, OCA, CNS, COIAB, CIR, CPT e ÓSócioBio.

Veja abaixo a programação do encontro:


COLETIVO DA CASTANHA E OCA

O Coletivo da Castanha é uma rede com mais de 100 extrativistas de mais de 50 organizações comunitárias que trabalham com castanha-da-amazônia, cobrindo todos os sete estados produtores. O Coletivo realiza o monitoramento participativo de preços das safras de castanha desde 2017 e irá reunir presencialmente os participantes pela primeira vez desde sua fundação. O Coletivo é coordenado pelo OCA.

Ambas iniciativas buscam cobrir, debater e buscar soluções para gargalos históricos da cadeia da castanha, como:


  • Falta de incentivo estatal à atividade;
  • Falta de informações qualificadas sobre o mercado e sobre o produto;
  • Produção pulverizada e de difícil acesso;
  • Insegurança fundiária nas áreas de coleta;
  • Grande presença de intermediários e atravessadores;
  • Dificuldades de infraestrutura logística;
  • Baixo acesso à insumos e serviços;
  • Falta de padronização do produto;
  • Demanda instável e alta oscilação de preços;
  • Baixo conhecimento da sociedade sobre os aspectos culturais e socioambientais da castanha.

Foto: Adriano Gambarini/OPAN


A CASTANHA, O EXTRATIVISMO E A CADEIA DE VALOR


A castanha-da-amazônia, do-pará ou do-brasil, é fundamental para a conservação da Amazônia. Com produção proveniente quase exclusivamente do extrativismo, a castanha e o castanheiro compartilham extensos pedaços de terra na floresta e, para realizar a coleta, são necessárias grandes áreas de floresta conservada, onde se encontram os castanhais.

A castanheira tem no extrativista um aliado. Ao mesmo tempo em que ele coleta e dispersa as sementes, realiza também um trabalho de vigilância e gestão territorial, percorrendo grandes distâncias e protegendo seu território contra a grilagem de terras, desmatamento, queimadas e outras ameaças.

Foto: José Medeiros/Pacto das Águas

A relação castanheira-extrativista faz parte das culturas de inúmeros povos e comunidades tradicionais da Amazônia há milênios. Indígenas, quilombolas e ribeirinhos são os principais responsáveis pela coleta desse fruto que é parte das tradições e modos de vida dessas populações.

Além dessas valiosas características, a castanha é um dos principais produtos do extrativismo brasileiro, com enorme potencial de geração de renda. A castanha movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano só no país, mas de toda essa riqueza gerada, a menor parte fica com os extrativistas.

Estima-se que a cadeia de valor da castanha-da-amazônia envolva mais de 60 mil pessoas de povos e comunidades tradicionais, ao menos 127 organizações comunitárias (sendo 98 associações e 29 cooperativas) e aproximadamente 60 empresas de beneficiamento e comercialização.

Foto: Juvenal Pereira/WWF-Brasil

E é para buscar caminhos de valorização do trabalho do extrativista coletor de castanha e enfrentar as muitas questões que exigem transformação na cadeia de valor e no apoio ao extrativismo na Amazônia que o Coletivo da Castanha promove o 1º Encontro Nacional de Castanheiras e Castanheiros.


Esta ação do Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA) tem apoio do (1)projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha; (2) da Aliança pelo Clima e Uso da Terra (CLUA); e (3) da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – USAID.