Castanheiros e Castanheiras da Amazônia se reúnem em Brasília para articulação e formação em inovação e comunicação na sociobiodiversidade

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3º módulo do Formar Mobilizadores Regionais debate comunicação, inovação e políticas públicas com castanheiros e castanheiras da Amazônia.

Entre os dias 12 e 17 de fevereiro, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas do Coletivo da Castanha participaram da última etapa do FORMAR Castanha: Mobilizadores Regionais Castanheiros, realizada em Brasília (DF). O terceiro módulo teve como foco a Gestão e Comunicação da Informação e do Conhecimento, promovendo o fortalecimento de saberes e a troca de experiências sobre a cadeia da castanha-da-amazônia.


Durante a imersão, os participantes se aprofundaram em temas como Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), comunicação da sociobiodiversidade, agregação de valor à produção, incidência política e autonomia dos territórios extrativistas. A programação contou com dinâmicas interativas, rodas de conversa e oficinas facilitadas por especialistas da World-Transforming Technologies (WTT), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Kalunga Comunicações, Ministério da Igualdade Racial (MIR), Caravana das Alembranças, Osociobio e Central do Cerrado.



O FORMAR Castanha possibilitou um melhor entendimento sobre as economias da nossa biodiversidade, sobre a ecologia da castanha e sobre a cadeia de valor como um todo — da floresta ao mercado, passando por certificação orgânica e qualidade”, afirmou Renato Pereira da Silva, castanheiro extrativista da Regional Tupí-Mondé, de Rondolândia (MT).  



“Ficou muito explícito o quanto precisamos dominar as formas de comunicar: como usar os veículos, as redes sociais e a linguagem para dentro dos nossos territórios — e também para fora, mostrando nossa realidade, nossos produtos e nossos sonhos”, completou Renato.


A consultora e integrante da secretaria executiva do OCA, Fernanda Alvarenga, reforçou a importância do módulo: 




“A escolha dos temas deste último módulo — inovação e comunicação — é estratégica. São ferramentas essenciais para o papel dos mobilizadores como articuladores locais e porta-vozes das economias da sociobiodiversidade.”


Incidência política


Durante o módulo, os mobilizadores também participaram de uma agenda com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para discutir políticas públicas e investimentos em pesquisa e inovação voltados ao fortalecimento da sociobioeconomia da castanha-da-amazônia.




Na ocasião, representantes do Coletivo entregaram um ofício com propostas construídas ao longo da formação, destacando a importância de políticas voltadas às tecnologias criadas por e para os territórios tradicionais. Essa construção política é parte essencial da atuação dos mobilizadores, que vêm promovendo ações estratégicas em estados e municípios, além da interlocução com o Executivo e o Legislativo federal.


O papel das mulheres na cadeia da castanha


A presença feminina também foi questão de reflexão na formação. Apesar dos avanços, ainda são poucos os espaços de liderança ocupados por mulheres na cadeia da castanha.


“É desafiador estar nesse ambiente. Nós, mulheres, acumulamos muitas funções — na vida pessoal, no trabalho, nos espaços de decisão. Só três mulheres terminaram a formação como mobilizadoras. No meu caso, mesmo em Brasília, precisei conciliar com o trabalho à distância. Foi difícil, mas necessário e valioso”, destacou Cleiciane Marques, mobilizadora do Amapará.  





Próximos passos com o Coletivo da Castanha


A formação foi encerrada com uma perspectiva de continuidade. O Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA), em parceria com o IEB e a atual secretária executiva do programa, anunciou novos esforços de mentoria e assessoria técnica aos mobilizadores.